terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Corria descalça por praias desertas. Estava lá mas como se não estivesse, corria mas era como se não corresse. Ela sabia que de nada lhe valia. Aquele toque não mais voltaria. Apenas tinha gravado na memória e tinha na boca o sabor da despedida que ele lhe deixara. O calor trémulo ainda lhe vibrava na pele, em cada fibra do seu cabelo também.
Mas agora ele havia partido para longe e era aquele salgado mar que lhe trazia a sua lembrança.
Sentou-se e sentiu aquela presença. Era como se ele lá estivesse.
"Até que a morte vos separe", teimava o seu pensamento em lembrar-se de tais palavras, palavras essas que ninguém se lembra até ao dia em que elas pairam incessantemente no pensamento... Palavras essas capazes de dilacerar o ego... momentos como este.
"Nunca nada nos separou" - pensava ela - "A morte chegou... mas a nós nunca nada nos separou".

...

e ali ela ficou, contente por sentir na maresia a presença de quem sempre amou. ali ao seu lado. Ela sabe e ele também que não há nada que separe duas almas que se amam de verdade. Nem a morte, nem ninguém.


Sem comentários:

Enviar um comentário