quarta-feira, 1 de março de 2017

Há dias...

Há dias em que o dia não chega e a manhã se delonga porque há dias em que o Sol se esquece de cumprimentar a Lua.

Há dias que servem para abraçar a relva e estampar os pés na terra.
Há dias para dormir acordado, sem pensar em nada que possa ser pensado.
Há dias de gargalhadas mudas com som de ternura e de música no ar pairando, tatuada nos ouvidos.

Há dias em que sabe bem o aconchego de uma manta e sentir o azul, aquela cor que cheira a sonho inacabado.
Há dias em que ler prosa faz parte da chávena de café e do calor nela a espelhar.
Há dias para saborear doces, compotas e geleias mas também para contemplar o céu.
Há dias em que é demasiado cedo para ser tarde e há dias em que é demasiado tarde para ser cedo.

Há dias em que a chuva não é áspera mas uma dádiva e o sol apenas uma ilusão.
Há dias para sonhar acordado e para sonhar sem acordar.
Há dias em que a aurora pinta as janelas de tons claros, da cor da vida (e os telhados com cor de sorriso).
Há dias para segredar às montanhas o quão belo é o horizonte e como é salgado o mar.

Porque há dias em que a vida não é mais nada senão um dia mais e o dia... uma vida mais.
E a cada dia há mais do que um novo dia; há o saber desta vida que sustenta o que sou, o que és, o que somos...


Sem comentários:

Enviar um comentário